quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Das Boot ********

Judgment at Nuremberg ******

The Bridge on the River Kwai ********

terça-feira, fevereiro 20, 2007

DESTILO ÓDIO
[Adolfo Luxúria Canibal - Zé dos Eclipses / Mão Morta]

Odeio o teu esqueleto ciumento
E os seus ornamentos de suicida

Destilo ódio!

Odeio as tuas tesouras perversas.

Destilo ódio!

Odeio a colecção de animais embalsamados
Que escondes nas gavetas do teu quarto.

Destilo ódio!

Odeio essas peçonhentas mãos de bruxa
E a obscenidade das tuas unhas.

Destilo ódio!

Odeio-te amuleto maligno que me intoxicas os sonhos
Com esse hálito pérfido que até o metal corrompe.

Destilo ódio!

Odeio-te barca sonâmbula.

Destilo ódio!

Odeio-te farol esclerosado
Onde a luz cresce mutilada.

Destilo ódio!

Odeio-te morte mansa
Que forras de veludo as paredes desta alcova.

Destilo ódio!

Odeio-te maldita celerada.


sábado, fevereiro 10, 2007

Estou Farto...

Estou farto de tudo e de todos, tal como tudo e todos parecem já fartos de mim... Eu já estava farto do mundo, mas acreditava, queria acreditar, que ainda haveria muito a descobrir, que haveriam coisas melhores que haveriam de surgir, pessoas, situações locais, sei lá... Hoje não acredito mais. Em nada... Embora seja um facto que gostamos de descobri-las começo a ter sempre a sensação que já sei o que vai acontecer, ou seja, nada... Esse efeito surpresa deixou de existir, o imprevisto deixou de surgir associado a uma carga positiva, e hoje em dia o que existe apenas são simplesmente cargas negativas que se vão acumulando e acumulando, sem sequer a esperança de acreditar que vai deixar de ser sempre assim, nem que seja por momentos, quanto mais inverter o rumo... Já não espero por esse acontecimento que pudesse mudar tudo, como esperei por tanto tempo... Assusta-me pensar assim. Dói muito, custa muito perder a esperança, perder o optimismo idiota e naif que nos faz mexer, porque depois não há nada mais que se possa esperar, nem sequer a ilusão de que há algo de bom no meio de tudo isto... A própria noção ou sensação de bom é uma ilusão, porque isso não existe no seu estado puro. Dizemos que esta ou aquela pessoa tem isto ou aquilo de bom, mas que é isso depois quando associado ao conjunto todo... Desaparece simplesmente, porque somos animais, porque somos selvagens, porque somos individualistas, e no entanto, mesmo dentro disto conseguimos ser tão diferentes que acaba por não haver um único adjectivo que se possa aplicar a duas pessoas simultâneamente. E no entanto apetece-me dizer que sou mau, se é isso que parecem querer que eu pense, pelos castigos que me dão, que tenho algo de mau dentro de mim, um egoísmo profundo que no fundo acaba por não ser nada disso ao certo... Um bocado de cepticismo, de deriva, de pensar apenas no presente momento em que escrevo isto e não pensar nem esperar nada para além do agora? Parece que se fartaram de mim, não sei, uma após outra e outra pessoas com quem gostava de partilhar o tempo e que vinham sempre com a mesma história de quererem não sei o quê porque também nunca compreendi muito bem. E porque nunca compreendi aquelas ideias associadas ao tem que ser assim e assado porque é assim mesmo, é isto que eu quero ou é isto que eu preciso, e todos querem o mesmo porque é o normal, e porque o que eu penso e faço não é nada disso, voltaram-me costas, expulsaram-me da cama e puseram-me na rua, deixaram-me na esplanada a falar sozinho, na festa, na mesa do café, e eu sem compreender porquê mas a pensar que deve ser um erro meu, que eu terei algo de mau em mim, porque todos se fartaram de mim e eu não sei porquê, não sei o que queriam, não sei qual foi o problema, não sei porque o fazem, mas quiseram dar a entender que a culpa é minha, que estavam fartos de mim, que o problema era eu, mas porquê, o que fiz eu de errado, porque será que todos me fazem isto e todos pensam assim não sei como nem o quê e porque me deixam sempre assim, sempre com a mesma conversa e sem me explicarem nada, mesmo quando gostam de mim, mesmo quando se apaixonam por mim, porque me castigam, porque querem que me sinta assim, porque me deixam assim sem acreditar em nada, farto de tudo e de todos e em esperança nenhuma em que isto deixe algum dia de ser assim...

sexta-feira, fevereiro 09, 2007





A minha loucura é a única coisa que está em contacto com a realidade...

Manual de Instruções

Desculpa, não, tu não mereces os meus sentimentos, nem tu, muito menos tu. Deixaram-me aqui sozinho, aguento mas não vou levar mais... Quem me enviou hoje um toque anónimo, oh tu que nem ousas mostrar a cara porque não tens coragem para viver sem manual de instruções... estou farto de extra-terrestres, não há ninguém que viva na mesma merda de planeta que eu? estou aqui sózinho? Ninguém fala esta língua, somos de espécies diferentes e nem sequer o mais básico e primitivo gesto conseguimos levar a cabo porque simplesmente não sabemos como comunicar e então fazemos a única arte que nos ensinaram, guerra, a vida em guerra, sim isto é uma guerra à escala económica global, e agora toma porque me magoaste e sabes que vem contra ataque de pedras e mais pedras, porque vamos pegar nos livros e encontrar uma solução para isto de acordo com a ortodoxia dos que já pensaram e decidiram por nós, porque isto de ter ilusões e seguir os próprios sentimentos vem tudo explicado nos romances ou nos filmes ou nas novelas ou então não mas depois teríamos de pensar e agir por nós próprios e isso era uma grande chatisse para todos... Partilhar sentimentos e sermos sinceros... Seria mesmo mau...
Sinto-me muito confuso pensava que tinha tido uma paixão daquelas que batem forte duas ou três semanas antes de passarem completamente, quando dei por mim a pensar que no fundo isto era uma desculpa para sonhar com o que eu neste momento realmente queria era uma companhia para correr o mundo e partilhar sonhos e já estou farto de ir para a cama com gajas parvas como ainda ontem fiz com Laura e que teria feito com Guida e com quem sei lá mais por que não sei mas ando farto Lúcia ando a pensar demasiado em ti, isto começa-me a assustar não sei porquê mas ando numa ânsia de arranjar uma namorada rápido para te substituir um bocado como tu me fizeste a mim mas isto corre mal não porque não as encontre não porque algumas delas não se apaixonem por mim, não que eu não me apaixone por elas mas é que não te consigo esquecer não consigo achar uma substituta que me faça esquecer o divórcio doloroso que agora começa a doer tu queres voltar para mim vamos cagar para tudo e fugir agora mesmo estamos a tempo estou farto disto tudo e tu também com essse gajo por muito boa pessoa que ele seja tu não o amas eu descobri que é amor e tu não o amas e eu também não consigo esquecer porque te amo vamos lá a paixão é bonita mas ao fim de umas semanas passa e nós tínhamos qualquer coisa porque sabes tu também sentes és a única que compreende não tenhas medo eu estou assim aprendi se ao menos tivesses esperado mais um pouco isso é apenas paixão já estás farta dele senão pouco falta para desejares não teres feito isso e eu atrás a ver-te cair tentava pensar mas não te segurei só agora sabes eu tinha que passar por isto para compreender mas afinal és tu mas afinal se calhar não és não sei porque não tens coragem talvez não o ames mesmo mas não consegues porque me amas a mim vamos lá fugimos hoje tenho tantas saudades de te ver não foi por isto que sempres estiveste à espera agora faz-te de forte porque mentes a ti própria salva-me salva-te salva-nos disto enquanto é tempo senão depois tens quarenta anos e depois é tarde não temos assim tantas vidas como isso mas que estou eu para aqui a dizer afinal nem eu sei se ao menos o presente fosse a liberdade de nos termos aqui agora só para ver que sentimento afinal é este aquele que estavas à espera... beija-me e diz-me o que sentes...



Lúcia, desculpa o incómodo



mas era só porque me esqueci de te dizer




AMO-TE!!!

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

EROSION ***



Mas como a minha melancolia melosa pedia algo mais profundo e mais sentimental, escolhi este rebuscado romance de Ann Lu, uma realizadora que apresentou aqui o seu segundo trabalho. Trata-se de um romance entre um homem e uma mulher com casamentos infelizes e entediantes, que se sentem sós no mundo e compartilham a aventura de forçar a entrada em casas de estranhos para fazerem amor... Ela consegue vencer os seus receios iniciais , mas o amor que vai surgindo entre eles acabará por ditar um final "esquisito" (aqui)... O filme deixou-me triste, mas também mostra bem que quando há paixão e vontade, há coragem para viver...

PERFUME *****



Para curar a minha ressaca amorosa, decidi ver o Perfume - Story Of a Murderer. Como não tinha lido o livro, não faço ideia se o filme o representa decentemente ou não, mas gostei da realização, e acho que valeu a pena a audácia de adaptá-lo para o cinema (ver aqui).

Afinal

Guida convidou-me para sair com ela. Fomos beber um copo, viemos para minha casa, conversámos, beijámo-nos, não fizemos amor e não dormiu aqui. No dia seguinte voltámos a sair. Voltámos a conversar, voltámos a beijar, voltámos a não ter sexo, e não dormi com ela. “Gosto de ti, e é precisamente por isso que não quero ter nada contigo. Quero que continuemos amigos, que continuemos a sair, a falar, mas sabes, já estou há tanto tempo sozinha e quando gosto de alguém apaixono-me mesmo a sério e fico tão dependente... Não fiques mal, eu não estou apaixonada por outra pessoa, e gosto de ti, mas acho que devíamos esquecer isto..” Neste momento, e depois de andar três dias a trepar paredes, beber compulsivamente, mandar branca, e desejar voltar a vê-la a toda a hora e a todo o minuto, estou a tentar mentalizar-me de que se ela realmente gostasse de mim, não conseguiria manter-se afastada e abstraída de tudo isto, como tem estado...

Houve claramente um volt-face. Falei-lhe de Hélder. Voltei a falar com ele, já depois de ter tido aquela noite com ela, o que não lhe contei, chegou para descobrir que ele está apaixonado, e depois de lhe ter dito a ela, algo mudou na sua cabeça mesmo depois do “ele nunca mostrou isso” e do “eu não sinto rigorosamente química nenhuma por ele”. Saíram no sábado, e a branca levou-me para a rua também, felizmente não os vi, só a ele com um ar confiante de quem afinal não só não a perdeu, mas como me viu a mim perdê-la, apesar de não ter perdido nada que aparentemente valesse a pena manter, apenas me deu cabo da cabeça... Vou ignorá-la, salvar a pouca auto-confiança que me resta, voltar à minha vidinha normal e fazer as pazes com Laura que afinal mandou o ex-namorado ficar lá na terra dele, e convidou-me para voltar a sair como dantes... Assunto encerrado. ?