terça-feira, novembro 14, 2006

Fiz Merda...

Estou apaixonado por Laura. Perdidamente apaixonado. Já não sabia o que era sentir-me assim e sinceramente pensava que nunca mais voltaria a poder sentir o prazer do amor, da inocência, da felicidade. Os últimos dias, ou melhor dizendo, a última semana passei-a em casa dela. E tudo é lindo...

E seria. Não fora a minha desconfiança e o meu egoísmo. Bastou Laura negar-me uma noite em sua casa e deixar-me pendurado à espera de um telefonema (porque a sua colega de quarto tinha tripado com ela por eu estar sempre lá) para eu voltar à minha vida de vadiagem. Embebedei-me, fui para a casa dionisíaca onde bebemos cerveja até às 5 da manhã, e depois fui para a discoteca rock onde me abracei a uma gaja que acabei por comer na rua. Como a beijei à frente de amigos comuns tive que lhe contar que tinha beijado a gaja (um antigo desejo de outros tempos). Embora não me salvasse do amargo de estômago, preferiria que ninguém tivesse visto para não ter de lhe contar. Agora Laura está triste comigo e com razão. Estraguei tudo e já nada trará aquela inocência de volta. Aprendi a minha lição. Não voltarei a trair por dá cá aquela palha. Estou-me a transfigurar e não é um processo que se faça num dia. Não sei se para melhor se para pior. Mas pelo menos que sirva para não voltar a magoar as pessoas de quem gosto.

Pior pior. só mesmo se tivesse chegado a ir com a rapariga para a cama, coisa que só não aconteceu porque ela tinha que fazer não sei o quê nessa manhã e eu também não insisti muito...

segunda-feira, novembro 06, 2006

BREAKING THE WAVES ****



Gostei bastante. Já tinha visto Dogville e Dancer In The Dark, mas considerei este filme muito superior. Não tem tempos mortos embora seja contado a um ritmo vagaroso, uma vez que nos prende a atenção do princípio ao fim. É a história de uma mulher que se casa com um homem que trabalha numa plataforma petrolífera. Ela parece sofrer de um qualquer distúrbio psicológico, que se agrava em muito com a partida dele. A história também de como o amor se pode tornar numa obssessão e consequentemente acabar numa tragédia. Mas aqui as tragédias sucedem-se. Não gostei do final, que considerei algo a puxar para o religioso. À excepção disso, adorei o filme. Ver aqui.

SIMÓN DEL DESIERTO *****



Este sim é uma obra prima. A história de Simão, um homem do século V que sobe a um pilar para estar mais próximo de Deus, para se purificar e estar mais longe dos homens procurando ser ao mesmo tempo um exemplo. O fanatismo religioso é satarizado de uma forma.., natural, tal qual ele é, embora esse realismo toque o surreal. É praticamente a história de um homem louco que tenta escapar ao diabo, que não é mais do que a prória condição humana, sob a forma de instintos ou desejos que aparecem como alucinações. Na minha opinião este encarna também a figura de Jesus Cristo. O final é estranho, e tive de o ver umas quantas vezes para continuar a não perceber nada. Mas vale a pena. Vale mesmo a pena. A realização é excelente. Recomendo vivamente. Ver aqui.

CET OBSCUR OBJECT DU DÉSIR ***



Já tinha visto há alguns anos. O último de Bunuel. Não é um filme extraordinário, mas consegue-nos prender a atenção do princípio ao fim. Nunca chegamos mesmo a saber o que se passa na cabeça de Conchita, mas não temos dúvidas nenhumas de que Mathieu está perdidamente apaixonado e que iria até ao fim do mundo para saciar o seu maior desejo. Há também aqui uma forte crítica social contrastante entre os dois actores. Ele é um burguês podre de rico. Ela é extremamente pobre. Há outra curiosidade. Conchita é representada por duas actrizes diferentes, talvez para marcar a diferença de personalidade (eu nem dei por nada). Há uma mensagem subliminar que parece dizer que o maor não se compra, como ele aliás tenta fazer. Os atentados que vão cercando Mathieu também podem ser interpretados como um obscuro objecto de desejo... Ver aqui.

THE PASSENGER ***



Por vezes também me apetece deixar tudo e partir para uma vida nova.
Mas ele não conseguiu largar tudo, e o passado veio persegui-lo e acabaria por encontrá-lo. Gostei do filme, mas estava à espera de mais. Não conhecia Antonioni, mas sendo para muitos esta a sua obra-prima, não estava à espera de um filme tão parado. Apesar disso a fotografia é excelente, o filme leva-nos a viajar por diversos países e em particular por Espanha. Conta uma história de amor que nos deixa a suspirar por mais e tem um final abrupto. Tudo através do Sr. Jack Nicholson. Ver mais aqui.

Domingo

Encontro-me acima de tudo confuso, perdido, no desencontro permanente entre aquilo que me sabe bem momentâneamente e aquilo que racionalmente deveria previligiar. Em tudo. Nos amores, na vida, na merda do trabalho (porque tem este último conceito que existir?)...

Continuo com Laura. Tenho dormido com ela todas as noites. E embora seja uma excelente pessoa, com uma mentalidade aberta, simpática, extremamente bonita e sempre com um sorriso nos lábios, a verdade é que não me sinto assim tão bem com ela... Ou melhor, sinto-me muito bem com ela, mas não suficientemente bem para ficar por ali e deixar de ir à procura de outra que me faça sentir mesmo bem, e que apague este pensamento amargo, seja lá ela quem for...

É verdade, sinto que Laura se está a apaixonar perdidamente por mim a cada dia que passa (reclamando a minha presença o tempo todo), estando eu a fazer o percurso inverso. Ela é uma excelente pessoa, é extremamente inteligente, todos os meus amigos a cobiçam, temos um entendimento sexual perfeito (orgasmos em todas as sessões) e fodemos a toda a hora, mas não sei porquê sinto uma vontade indomável de terminar tudo isto e ir à descoberta de outras almas, de outros corpos, da liberdade, da felicidade...

Mas depois vem o reverso da questão. Obviamente também sinto algo por ela, e não trocaria as noites que passamos juntos pela monotonia da minha solidão crónica. Não sei, acho que estou um bocado acomodado. Mas é que sabe tão bem acordar com ela a meu lado. E os miminhos que ela me dá? Já tinha referido que também é extremamente carinhosa?

A minha saúde, essa continua extremamente deteriorada. A física. E mais de um mês de bebedeiras diárias deixam-me um bocado desligado da pressão do mundo real. O consumo ocasional de outras substâncias também não ajuda. No sábado, depois de um concerto punk fomos comprar bebidas e fui com um colega que me pediu pra ir com ele comprar branca sob a forma baseada, coisa que eu nunca tinha visto. Depois de entrarmos num dos piores bairros de Lisboa, dou por mim na casa de um cigano, num cenário digno de um filme do kusturica. Dois revólveres gigantescos daqueles típicos de filmes em cima de uma mesa, numa figura irónicamente cómica e simpática... Voltámos para a festa, embebedei-me uma vez mais, fumei daquilo embora não me tenha batido muito e depois fui ter com a Laura às 6 da manhã.

O que não referi aqui é que ainda passei pela discoteca para ver se encontrava a Margarida. Nunca falei aqui dela. Margarida é o meu género de miúda. Conheci-a na discoteca numa noite em que tanto ela como eu estávamos perdidos de bêbados. Ambos estávamos excitados nessa noite, e o prazer foi mútuo. Devia-la ter beijado, mas deixei passar a oportunidade (ela própria mo disse). Largava tudo neste momento para poder estar com ela. Sinto qualquer coisa de especial ali, que não sentia há muito tempo. Ela sabe-lo. Mas continua a querer chorar o perda de um ex-namorado que nunca mais vai voltar a ter, e eu sinceramente não tenho paciência para fazer o papel de bom samaritano e desisti de tentar... Mas certo é todos os fins de semana dou comigo nessa discoteca a ver se a encontro...
Bem, mas tudo isto irá acabar em breve repentinamente. Terei um afastamento forçado de pelo menos dois meses, o que me dará para voltar à normalidade.

Golden Brown, The Stranglers




Não consigo sacar o Mp3, mas aqui fica o vídeo-clip.
O ideal era ouvirem mesmo só a música e prestarem atenção à letra.
A música é sobre solidão e uma droga em particular.

domingo, novembro 05, 2006

Música das Últimas Semanas

Não é normal referir a música que vou ouvindo. Mas como esta tem sido a minha banda sonora dos últimos tempos aqui fica a recomendação (prestem bem atenção à letra da canção...) :


Isto a propósito da compilação recém editada dos
Stranglers, The Mail On Sunday.

Fama

Não é objectivo deste blog ser um blog popular, e de facto nunca o foi, como mostram aliás as estatísticas que não chegam a dar um leitor por dia. E de facto o anonimato aqui continua a ser essencial, já que apesar de não ser uma representação objectiva, muito da minha vida por aqui se vai contando. Vai daí sugiu-me um dilema existencial ao ver este blog publicitado no site de um jornal regional, neste caso o Jornal da Madeira. A questão tem relevância, em particular porque no meu último post ultrapassei um pouco a barreira do que venho escrevendo habitualmente e cheguei mesmo a usar algumas palavras e descrições algo eróticas (usando mesmo palavrões) o que na minha opinião, aliado ao carácter algo subversivo e marginal do blog em si, não faria adivinhar que alguma alma excêntrica o colocaria como sugestão de leitura num site de um jornal. A questão era pois se não deveria reformular o texto ou retirar esses palavrões ofensivos para a amioria das pessoas educadas na moral judaico-cristã. Cheguei à conclusão que nada retiraria.

Dizer em primeiro lugar porque não se registou uma subida de leitores devido à referência, o que leva a crer que praticamente ninguém terá ficado chocado (e mesmo que tivesse sido visitado por muita gente seria igual). Desta forma o blog continua subversivo. Depois porque o valor máximo terá sempre de ser a liberdade de escrita. Este blog é o meu confidente, e se alguém o lê, pois isso já não é problema meu. Escrevo para escrever, não para alguém me ler, salvo o devido respeito a todos os que me espreitam por esta janelinha, e a quem até dou um certo mérito, pois eu próprio retiro grande prazer da leitura voyeurista que faço dos blogs.

Por último, uma referência à subversividade do próprio jornalista que o destacou, e que teve a ousadia de o publicitar num jornal. Não sei como lhe surgiu tal ideia. É óbvio que este blog não é um daqueles fenómenos que aparecem referenciados em tantos outros blogs e meios de comunicação e que registam dezenas ou centenas de leitores por dia. Se tiver três por semana já não será mau de todo. Terá sido pela loucura ou absurdo do que aqui se confessa?

E sim, confesso que gosto de ser lido desde que isso não pese durante o momento em que escrevo...