quinta-feira, janeiro 14, 2010

Diaboliquement vôtre (1967)

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Mulheres-elefante


Aplico teorias estranhas. Às vezes percebo um pequeno pormenor e ponho-me a interpretá-lo, tentando generalizar e categorizar o todo, tentando criar uma imagem caricaturada . Faço analogias, uso heurísticas, resumo conclusões. É como se tentasse imaginar o interior, como se quisesse imaginar a realidade a partir de dentro. Tenho sempre presente o receio de criar uma imagem idealizada. Preocupo-me então em não ultrapassar certos limites.

Ás vezes sonho que vou cair no interior de um buraco negro
.

É estranho como um pequeno pormenor parece sugerir o que está lá dentro. É assustador como a minha intuição consegue querer pressentir. Será que é uma pista, e a seguir? Acontece-me recriminar-me quando ignoro a minha intuição.

Pressinto egocentrismo como um sinal de perigo.

O egocentrismo. Com esses óculos vejo monstros, a espécie humana. Por vezes olho e vejo autênticos personagens de filmes de terror. Parecem-me zombies desfigurados, mutantes com quistos.

Tais seres abomino.

Algumas mulheres aos meus olhos transformam-se assim em
mulheres-elefante.

É apenas uma teoria entre tantas.

Mas porquê?


Cio
, Poder, Estatuto Social.


Não quero acreditar nas palavras, mas sim nas outras pistas.


Antes, abdicava do meu auto-controlo em troca de uns minutos de prazer.

Mas será que vale a pena?

Não me apetece.

Não quero ser aquilo que elas querem que eu seja.


Faço fintas para não
voltar a acordar na cama de uma mulher elefante.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Passagem de ano


"Não há nada mais desesperador para o homem do que, vendo-se livre, encontrar a quem sujeitar-se" Dostoiévski

A minha recuperação feita está. Contrastar esta passagem de ano com a última foi bom porque esta foi melhor. Não fiquei em casa. Senti-me bem, depois de uma longa bad trip de meses. Ganhei a liberdade, recuperei a minha vida social, as pessoas apreciam a minha companhia, e vejo novamente mulheres (quem sabe se o problema não seria apenas inveja).


Consigo adaptar-me a tudo o que seja novo, menos à vida que tinha. A depressão só existe quando relembro o passado. Se mudasse de vida, já teria esquecido tudo.

Quase que me voltei a apaixonar, mas foi desmistificada.

Percebi que ela me correspondia com o olhar, deliberadamente. Passados uns dias meteu conversa. Marcou reencontro. Apareceu com o namorado. Outras olhavam, não me meti com nenhuma. Neste mundo de futilidades eu pareço atrair a atenção de algumas não sei porquê.


Naquela noite armou um escândalo. No dia seguinte armou um escândalo ainda maior.

Uma das que estava na assistência olhava para mim.



Antes disso, envolvi-me com algumas mulheres. Foi apenas sexo, mas algumas deixaram com vontade de repetir. E sobretudo, sem hipocrisia.

Recuperei a auto-estima.

domingo, janeiro 03, 2010

Balanço de 2009

2009, o pior de sempre, mas há males que vêm por bem

Perdi tudo. O meu desejo obsessivo de fugir com uma mulher deu mau resultado. Erro de casting. Confusão gigantesca. Depressão, desilusão, revolta e solidão. Perderam-se os limites daquilo que era realidade, e ainda hoje não sei bem onde ficam. Perderam-se amigos também, e muita coisa aí pelo meio.

Certas pessoas eram merda. Daí à paranóia da generalização completa foi um passo, e eu caminhei bastante para lá dessa linha, até regressar a mim próprio, ou como diz Henry Miller, até chegar ao armário e voltar a vestir a minha personalidade. Os outros relativizei-os, os verdadeiros recuperei-os.

O meu mundo desabou completamente. O meu limiar máximo de dor numa escala de um a cem, rebentou a escala por completo e passou dos muitos milhões até não haverem mais números. Maquiavélica hipocrisia. A mim calhou-me a pior. Armadilharam tudo e acenderam o rastilho. A explosão devastou tudo num raio de quilómetros. Fiquei sem cara. Durante uns meses.



O dilema do eterno marido ou como curar a dor de corno


O mais importante, por muito que doa e que só se deseje vingança, é ser racional. Nenhuma mulher deste mundo merece uma unha, e eu sei isto por experiência própria. Claro que durante a dor não se pensa noutra coisa, mas é importante manter presente que por muito más que estejam as coisas, só poderão vir a melhorar. Vemo-nos finalmente livres de uma pessoa que sabemos que vale pouco ou nada, e daí a uns meses conhecem-se sempre outras pessoas. Acontece a todos, ficamos vacinados. Aprendemos a seleccionar melhor as pessoas, a decidir com quem queremos estar, deixamos de ser manipulados, recuperamos auto-estima.

Há que ver o lado positivo da coisa, e isto é de salientar sempre ao longo deste processo, por muito que doa: Vemo-nos livres da pessoa para sempre e recuperamos a liberdade, voltamos a ser quem éramos. Se ainda gostamos da pessoa, fica-se sem a dor de termos sido nós a rebentar com a relação. E isto aqui depende de cada um, da dignidade que se tem ou não. Quanto a mim acho que é cortar totalmente: apagar todos os números, contactos, fotos, objectos, em suma, tudo aquilo que possa fazer recordar. Se for preciso preciso queimar e atirar tudo para o lixo, que seja. Longe da vista, longe do coração. Queimar objectos costuma dar outra sensação. Depois é nunca mais responder às suas tentativas de voltar a comunicar, e a pessoa com o tempo desiste.

A primeira tendência é para nos culpabilizarmos porque desejávamos que tivesse sido diferente, ou gostávamos de continuar com a pessoa. É errado. As pessoas são más, e se aconteceu é porque tinha que acontecer. É a arma favorita de muitas, mas há umas piores que outras. E nem todas as pessoas são iguais. Nesse caso devemos é ficar contentes porque não desperdiçámos nem mais um dia , e se o tivéssemos descoberto mais tarde, podíamos ter perdido anos preciosos das nossas vidas. Para além disso depois conhecem-se sempre pessoas melhores, o que às vezes não é muito difícil. Não entrem no síndrome do gato congelado, isto é deixarem o gato congelado na arca depois de morrer. Morreu vai para debaixo da terra, acabou.
Mas isto demora tempo, e estas coisas quanto mais cedo se souberem melhor, para podermos começar a agir.

O nosso primeiro impulso é para nos tornarmos no completo oposto daquilo que éramos, porque achamos que isso é o normal e que nós é que estávamos mal. Um bocado ao jeito de Veltchianov no romance O Eterno Marido. Isso até pode ser positivo, porque se não aprendêssemos nada com a experiência, mau seria. Mas a tendência é para se chegar a um meio termo, e voltar a confiar nos nossos instintos. Não o andar a reboque dos outros. Recomendo este livro escrito na fase madura do Dostoievski. Se não o têm comprem-no, é pequenino, lê-se bem, e poupa-vos anos de tempo perdido.

Para além da literatura vejam séries, filmes, coisas que distraiam e que vos voltem a mostrar como o mundo funciona (durante uns tempos ficamos sem saber nada), e acima de tudo saiam: recuperem os amigos que conseguirem, bebam e tentem sobreviver. Passado um tempo estarão a conhecer mulheres naturalmente, porque voltaram a ter uma vida social.

Nesta fase, ou até antes ali na do Veltchianov VS Pavlovitch, é importante ir dando umas fodas, quando surja a oportunidade. No princípio nem se consegue fazer nada de jeito, mas isto é uma coisa psicológica e naturalmente o desejo regressará. Pelo meio é importante manter o físico, e para isso serve a masturbação diária: repõe os nossos níveis hormonais na descontracção, e assim ficamos mais à vontade junto com as pessoas em geral, e sentimo-nos menos deprimidos. Importante nesta fase é também deixar de se submeter, e se não gostam, não se submetam, seja indo para a cama com elas, seja não deixando que lhes ponham novamente a coleira do cão ou facas nas costas.

“O mais monstruoso dos monstros é o que tem bons sentimentos”. Veltchianov

E não vão atrás da ex, nem se voltem para pessoas que já vos tinham dado tampas, se vos continuam a ignorar. Vão em frente, não vivam no passado, não sejam pessoas mesquinhas que passam a vida a lamentar-se. Esqueçam o passado por completo e vivam no presente, um dia de cada vez, como se não tivessem sequer um passado.

Com isto já estão de pé novamente. A cura total acontece quando se voltam a apaixonar.

Mas cuidado com quem se voltam a apaixonar.