sábado, janeiro 22, 2011

Balanço de 2010

2010 foi um ano calmo, no meio de um turbilhão, onde eu era o furacão que incendiava a balbúrdia, mas só em ambientes com pessoas onde me sentisse bem, os outros evitava-os. No final, o balanço é bom. A primeira fase foi a fase Bukowski, de bebedeiras diárias ininterruptas. Depois veio a fase do Verão. Em Outubro comecei o trabalho, e passei a ser Bukowski apenas no fim de semana.

Desde logo, a hipocrisia metia-me e mete-me nojo, pelo que passei a dar-me apenas com as pessoas boas e a evitar totalmente os psicóticos. Evitei-os em casa e na rua, e voltei às minhas velhas amizades de muitos anos, aqueles que eu conhecia e que são realmente os bons. A conclusão é que os verdadeiros amigos são aqueles que conhecemos há muitos anos, os equilibrados, e são esses que nos ajudam a pôr-mo-nos de pé novamente, quando estamos na merda. Desses não surgem as surpresas desagradáveis, nem o chico-espertismo, nem as bocas. Aos outros temos que aturar, aos que vêm por arrasto, mas até isso podemos controlar, na confiança que lhes damos. Depois ficam chateados e tornam-se mais dóceis.

Apaixonei-me por uma polaca lindíssima, que foi a minha pequena Marylin Monroe por uns tempos, nome que ela não gostava que eu lhe chamasse. Gostava dela, e ela gostava de mim, tentou até forçar a coisa, mas eu cortei-me, e na minha opinião, bem. Mas dificilmente irei encontrar uma mulher que me dê tanta tesão como ela, acho que já não ficava assim desde os meus 18 anos. No final, antes de ela ir embora, deram-me as saudades e foi melhor ainda. Não vou esquecer, por mais anos que viva, a noite e a tarde que passámos nus naquela praia deserta. Mas tinha muitos problemas na cabeça, eu não tinha menos, e foi bom como foi, mais seria mau. No final dizia que estava grávida, e dizia que era meu, mas eu fiz bem as contas e sei que não era. No final já dizia que era de outro, o que a mim não me surpreende, pois cada vez que estive com ela lhe disse que ia ser a última.

De resto foi uma seca, não gostei de ninguém, nada me agitou as águas, pelo menos até ao final do verão. Também não é de admirar, pois a partir de agora escolherei sempre cirurgiamente as mulheres que deixo entrar na minha vida, e psicóticas não me interessam. Queria uma mulher que gostasse tanto de mim como eu dela, e em quem eu pudesse confiar, para o melhor e para o pior. Mas todas me desiludem, essa é que é a verdade. Reencontrei Patrícia, uma paixão platónica antiga de há dois anos atrás, quando andava com a psicótica estrangeira, e voltei a sentir uma química que já não conhecia em mim há muitos meses, que não era apenas sexual. Sentia que ela tinha qualquer coisa na cabeça, e para apesar de ser muito bonita, eu gostava da maneira de ser dela, confiava nela, era mulher para fazer uma vida e me dar um filho, coisa que eu com as outras não conceberia. E depois andei dias e dias com a cabeça nas nuvens, uma paixão assolapada que só se desfez quando soube que ela tinha namorado. Mais a mais ela já não está na cidade, e raramente a vejo. Estive quase para convidá-la para um café, na altura, mas não me quis meter. Tenho quase a certeza que ela também gosta de mim. Ainda no outro dia corou só de me dizer olá. Mas tem namorado, não me meto, desisti.

Depois há Fabiana, uma paixão antiga, mas da qual eu tinha desistido há muitos anos. Ela parece muito mais madura do que então, mas eu sou agora muito mais céptico. Há qualquer coisa nela que me faz desconfiar, talvez por ser demasiado bela, talvez por já me ter deixado ficar mal duas vezes. É certo que eu gosto dela, que isso me deixa a cabeça em água, mas eu combato isso ferozmente, reprimo e nego tudo à espera que passe, o que não é nada fácil, e isto vai-me consumindo. Não sei que faça, gostava de a comer e depois logo se via, mas se me meto na boca do lobo, depois não dá para sair mais. Não sei que faça, já quis tanto desistir disto, já dei o caso por perdido, mas a pressão social é fodida, e em vez de ajudarem, atrapalham. Não sei.

Depois há Catarina, uma colega de escola antiga com quem já tinha ido há uns 4 ou 5 anos, que agora está livre, e com quem tenho falado na net. Já para não falar de Lurdes que exclui à partida por ser maior que eu, e um bocado fútil. E depois existem as chatas, com quem eu só fodi porque andava confuso e que agora me perseguem como se tivessem algum direito sobre mim só porque fodi com elas há meses ou há anos. Essas nem as posso ver.

E depois há outras que se vão interessando por mim, que me despertam até alguma simpatia, mas nã apetite sexual, muito menos desejo de fazer vida com elas.

Sinto que estou num ponto decisivo. Não tenho mais margem de manobra para erros de casting nem para aventuras passageiras. A minha próxima mulher tem que ser alguém de quem eu goste e em quem eu possa confiar, e preferencialmente deste país, o que não deixa de ser um paradoxo, porque provávelmente vou ter de emigrar dentro de pouco tempo (não por xenofobia, mas apenas porque não me quero afastar muito da base, já que os meus pais já estão velhos). A escolha é muito complicada, e manter-me desocupado também, porque não posso entrar em loucuras. Tenho como assente que quero ter um filho daqui a não muitos anos, e a próxima que tiver de ser tem de ser a sério. Sem mas, sem interrogações, e sem dúvidas. Claro como água.

E se demora muitos anos estou fodido. A fazer a vida que levo agora, não duro muitos mais anos.