terça-feira, março 29, 2005

A Praia

Não sei. Poderia escrever isto inúmeras vezes. Sei tão pouco. Saberei sempre infinitamente pouco. De tudo. De nada. Dos outros universos e galáxias, das pessoas, de mim próprio... E cada vez sinto que estou mais perto. E cada vez mais tenho mais consciência que nunca chegarei a saber. São tantas... Tantas coisas que tentamos descobrir. Sempre mais e mais... Saímos de nossa casa com uma mala de viagem às costas e partimos à aventura. Uns têm limites mais circunscritos pela sua própria consciência. Outros vasculham o interior se si próprios anárquicamente, tentando esconder-se da guarda da gente, e soltar amarras. Tentamos ir sempre um pouco mais à frente. De formas diferentes. Os limites. Há sempre essa tal coisa a que chamamos limite mas que não existe como coisa objectiva. Todos o sentimos, e sabemos o que poderá significar, mas a verdade é que nunca ninguém o viu, nem se sabe bem se existe mesmo. Existe para todos, e ao mesmo tempo, não existe para ninguém ao certo, como coisa pré-definida, estática, estanque. O limite é um dos demónios da nossa mente. É ele que toma sempre a última decisão. E estamos constantemente a desenhar essa linha na areia. Brincamos como crianças numa praia. Olhamos a grandeza do sol que se esconde lentamente no horizonte, enquanto os seus raios reflectidos no azul do mar se disseminam harmoniosamente pela nossa percepção como um enebriante e relaxante espectáculo de sensações. De seguida sentimos o frio que nos gela os pés e acorda. É uma onda maior, esta que nos veio devagarinho molhar. Olhamos para o chão, e reparamos na espuma que desce e se vai dissolvendo lentamente por entre os grão de areia, até desaparecer. O mar leva o desenho. Apagou a linha do limite. Será que deveria desenhar outra? Se voltasse a borratar um traço, deveria pô-lo no mesmo sítio? Ou deveria abstrair-me deste dilema, e sentar-me aqui um pouco a descansar? Ou um pouco mais atrás na areia seca? Ou lá mais à frente, mais perto do sítio onde as ondas rebentam? Ou deitar fora o velho pedaço de madeira, e parar de imaginar círculos à minha volta? É bom partir para esta praia com amigos. É uma praia deserta. Fica num local distante e inóspito. Para lá chegarmos, temos que nos preparar com antecedência e levar muitos mantimentos. Um mar de gente colorida estende-se no infinito. Dispersos. Vão-se movimentando e distribuindo pelo areal. Cada um deles vai salpicando a sua tela, à medida que explora e absorve a beleza da paisagem. Presumo que estejam neste momento profundamente envolvidos nas suas danças. Sozinhos. Rodeados por um mar de gente que vai reflectindo as próprias cores. Sentimo-los próximos, mas não arriscamos espreitar para ver o que fazem eles naquele momento. Nem sequer temos a certeza de estar alguém ali por perto. Imaginamo-los sozinhos. Vibramos com os nossos sentidos. Provavelmente estarão ali a brincar eles também. Desprendidos no seu pensamento. Observam as suas figuras na areia. Que não se sabe nunca ao certo o que significam. Olho de novo o sol. Sinto novamente a àgua gelada nos pés. Não ouço ruídos humanos. Apenas a harmonia da natureza. Sei contudo que os meus amigos estarão também por aqui, embora nos tenhamos todos separado. O sol já quase se pôs. Presumo que seja um sinal para regressar. Ou para ir mais além. Ou para ficar no mesmo sítio. Não sei ao certo. Não se combinou nada. Lembro-me que não preparámos mantimentos para duas viagens. Não nos preparámos para o regresso. Cada um deles poderá eventualmente estar a ser neste preciso momento assolado pelo mesmo pensamento. Todos tomarão uma decisão. Provavelmente nunca mais nos vamos ver. Provavelmente quando chegar ao carro, estarão lá à minha espera. Desligo-me. De todos eles, de mim próprio. Atiro ao mar o relógio, e a madeira. Arrisco ficar mais um pouco. Imóvel... Enquanto inalo a brisa, e absorvo as últimas cores, penso... Regresso? Fico mais um pouco? Parto para o desconhecido? Não sei. Poderia escrever isto inúmeras vezes. Sei tão pouco. Saberei sempre infinitamente pouco. De tudo. De nada. Dos outros universos e galáxias, das pessoas, de mim próprio... E cada vez sinto que estou mais perto. E cada vez mais tenho mais consciência que nunca chegarei a saber grande coisa...

domingo, março 13, 2005

Continuo a amar platónicamente aquele eu que escreve aí.

quinta-feira, março 10, 2005


Até que enfim...



demo-nos!



simetria..?

sábado, março 05, 2005



Fez-se o se que podia, e ainda mais o que não se devia.

Mais era (im)possível.

...



Monólogos


Tens de parar de te massacrar





Aprende a gostar de ti próprio.


sexta-feira, março 04, 2005




Será que não valia a pena correr o risco?





Na pior das hipóteses, não podia ser pior.