quarta-feira, setembro 06, 2006

O FIM DAS TREVAS

Recordo-me que quando comecei aqui a escrever, a vida corria-me bem e os sentimentos de prazer, bem como a beleza que parecia encontrar nas pequenas coisas estavam sempre presentes. A sensação geral do presente período parece em tudo idêntica.
Não há (ou não deveria haver) períodos uniformemente classificáveis, é certo, mas se tivesse de agrupá-los diria que este Verão marca decisivamente o fim de um longo período negro da minha vida, que parece ter durado no mínimo uns três anos. Claro que muita coisa agradável se passou ao longo desse paríodo, mas o cenário de fundo nocturno estave sempre lá, e as cervejas de cada noite pareciam sempre uma espécie de suicídio descartável... O momento em que se caía na cama parecia sempre a morte improvisada, e no outro dia uma branca na cabeça parecia assegurar que nada de mal se passava... Não é que tenha conhecido alguém, ou que o sentimento de solidão e de "vaga por preencher" tenham desaparecido, pois continuam tão ou mais presentes do que nunca (diria até que estão mais vincados, depois da retirada estratégicamente cobarde da minha amiga e confidente Lurdes). Talvez seja da desintoxicação física, talvez seja do trabalho, talvez seja dos dias que passei na praia, talvez seja pelo entusiamo que começo a dedicar ao trabalho, talvez seja pela sensação renovada de liberdade, talvez seja por tudo isso e por outros tantos aspectos...
O principal facto é que pareço voltar a sentir muito bem comigo mesmo, e a auto-confiança de outros tempos parece ter chegado para ficar. Já não pretendo ser perfeito, e sentimentos de inferioridade é coisa que já não pareço experimentar. O facto é que agora me estou completamente nas tintas para o que os outros possam pensar de mim, e acho que nunca a opinião pública alheia me pareceu tão irrelevante.
Há no entanto outras coisas importantes que se perderam, sendo a mais importante delas o afastamento de Lurdes, numa altura em que a minha paixão por ela renascia e os momentos com ela vividos me pareciam mais importantes que nunca. Mas quanto a isso, pouco haverá a fazer. Costuma-se dizer que quando umas portas se fecham, outras se abrirão. Será que assim é de facto?
Recuperei a alegria de viver. Todo um mundo novo se parece abrir à minha frente, pois agora pareço conseguir analisar tudo a partir de uma base mais sólida e sem aparentes abanões ou inseguranças no alto do meu egocentrismo. A partir de uma pré-disposição positiva, as fontes de bem-estar parecem ser infinitas, ainda que abstractas. Um paradoxo curioso, já que o meu novo lema parece dar pelo nome de pragmatismo...

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