segunda-feira, agosto 21, 2006

O Verão secou-me as esperanças. À minha volta, um enorme vazio que me mantém gelado mesmo com as altas temperaturas. A testosterona, essa sim liberta-se ao sabor da subida do termómetro e percorre-me todo o corpo. Nada à minha volta senão miragens, que me mantêm fechado neste cubo de gelo. Abandono a areia escaldante, que rápidamente faz evaporar o meu suor, e mergulho no mar para refrescar as ideias. Nada me parece poder confortar. De um lado, o vazio do oceano, onde a miragem se perde no infinito. Do outro, uma multidão anónima de corpos com tiras coloridas, e que ao longe não parecem passar de enorme monte de formigas.

Estou perdido. Busco a emoção e a adrenalina da viagem, da aventura, da distracção constante, para não ter tempo de me lembrar de mim. Comboios, praias, carros, estradas, cerveja, toalhas, sol, relva, concertos, música, bares, discotecas, livros, cafés, cigarros, estou tão farto de tudo isto... De noite páro, rendo-me, já não consigo fugir mais quando acaba a televisão... É quando chega o tormento... Tu que me abandonaste, só porque eu te abandonei. Tu que me abandonaste, e que eu agora abandandono... Alguém que me salvasse deste vazio... Mas não. Já perdi a esperança. Ninguém virá. Apaguei as faces que já esqueci. As que não esqueci, já há muito me esquerceram, ou estão neste preciso momento a mostrar que me esquecem. Estou farto. Já não espero por ninguém. Já não quero olhar para trás. Não quero voltar a pensar no pensado...

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