sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Morreu Maria Schnider








Para ver os excertos carregem no link, porque os fdp da MGM cotaram os conteúdos e a incorporação.




Fiquei especialmente triste neste dia. Por várias razões. A primeira é porque morreu Maria Schneider, uma das mais belas atrizes de sempre, cuja inocência e naturalidade ficarão para sempre imortalizadas neste filme, também ela uma figura trágica, que sempre odiou os homens devido ao facto do seu pai, um actor famoso, nunca a ter reconhecido como filha. Consequência disso ou não, apesar de Brigit Bardot a ter resgatado das ruas de Paris e a ter ajudado a começar a sua carreira de atriz, devido ao conhecimento desse facto, Schneider nunca deixou de fazer uma vida errante, envolta em polémica. Fugiu de casa da mãe aos 15 anos para Paris, onde tentou encontrar o pai que não a reconheceu e a deixou abandonada nas ruas. Foi então que B.B. a tentou ajudar. Mas mesmo depois do sucesso que foi o Último Tango em Paris, não conseguiu lidar com a fama e acabou afundada em drogas, sofrendo três overdoses e tendo sobrevivido quase por milagre. Antonioni resgatou-a em 75 para fazer outra obra prima "The Passenger", ou "Professione: Aka Reporter". Nos anos 80 conseguiu vencer o vício, com a ajuda da sua companheira, e foi conseguindo manter uma carreira intermitente, realizando perto de 40 filmes.





Mas a mim pessoalmente, o que me deixa profundamente triste, é que este filme, que muitos disseram ser auto-biográfico para Marlon Brando, também o é para mim. Jeanne foi para mim Lúcia, não só pela aparência física, mas também porque aquele quarto simbolizava para nós este apartamento. Também ela se sentia subjugada a alguém mais velho, não muito mais velho que ela físicamente, mas tão velho e destroçado psicológicamente como ele. Tal como Brando, também eu tentei deixar o mundo fora daquele quarto, não perguntando nem exigindo nada da vida dela, e não permitindo que ela tomasse conta da minha. E depois o sexo, o melhor sexo que tivémos até hoje, idêntico aquela paixão que vemos no filme, só que na minha opinião, ainda mais forte porque sentido como se não houvesse amanhã e nada mais importasse. Lúcia queria que eu a amasse desesperadamente, melhor, que eu demonstrasse que a amava desesperadamente, com num qualquer ultra-romantismo no sexo XXVIII, e por ver que eu era incapaz de o demonstrar, deixou-me, trocou-me pelo aborrecido realizador de cinema de Jeanne, dando-me um tiro metaforizado, como no filme, ao deixar-me para sempre, não sem antes dançar um último tango, depois de três anos de intervalo. Dou voltas e voltas à minha cabeça e não consego deixar de pensar nisto e de ficar profundamente deprimido. Porque razão não consegui eu amá-la dessa forma platónica que se ama sempre alguém que não se consegue ter? Porque razão ainda penso e ainda suspiro por ela todas as noites? Porque razão sempre recordo essas tardes e noites fechados naquele quarto como os dias mais felizes da minha vida? Porque razão só consegui perceber isso depois de levar o tiro e de a perder para sempre? Porque razão não considera ela isso amor, se foram os momentos mais felizes que vivi em toda a minha vida e aqueles que recordo e mantenho vivos na minha memória diáriamente, para sempre? Porque razão ela teve de me matar, precisamente no ponto em que podíamos ter deixado as merdas, sermos sinceros um com um outro, e dar uma oportunidade a nós dois agora que havia condições para isso?



Depois de ela me deixar, destroçado, conheci a polaca, tentei ser Brando o tempo todo, mas também me deu um tiro à primeira oportunidade. Desde aí, nada. Mataram-me, e caí prostrado..

Sinto-me sozinho e triste, porque a felicidade de que tanto falam, e que é soberbamente retaratada neste filme, nós tinhamo-la, e deixámo-la fugir. Hoje percebo que essa felicidade é a única coisa que realmente é importante. E o mundo está cheio de casos trágicos de gente que a deixou escapar, convencidos de que seria uma coisa banal, e que não mais a voltou encontrar até morrer...



E depois ao ver o excerto 1, desço ainda mais fundo na minha desolação. Vem-me à memória o dia em que estive debaixo daquela mesma ponte onde começa o filme, com a mulher mais perturbada que conheci em toda a minha vida, uma autêntica metáfora da mulher do personagem de Brando no filme, aquela que se suicidou. A cena do velório, no monólogo que ele faz quando está sozinho, não podia simbolizar melhor aquilo que senti por ela. Tanta coisa para, no final, voltar a sentir-me actualmente como Brando, nessa cena inicial, andando à deriva, antes de ser ultrapassado por Jeanne, justamente como eu estava, antes de tudo isto me ter acontecido...

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