sábado, julho 11, 2009

Canibais

Tentava-me mexer, mas já não adiantava, o meu corpo deixara de existir. Eles tinham-me espancado, e eu tinha esquecido a vida, o prazer, a felicidade. Podiam-me ter tirado daquele buraco, podiam-me ter puxado um braço, atirado uma bóia, enquanto eu ainda mexia, mas não, foi precisamente o contrário, era no mais fundo possível que eles me queriam deixar, era no sofrimento mais lento, mais doloroso que consistia a tortura. Poucos se negavam a executar a sentença, até ao último momento, para que o sadismo fosse maior. No final, lá se ia sabendo qualquer coisa mas muito lentamente, não , era uma tortura lenta e dolorosa...

Enquanto o sangue se esvaía pela mais pequena veia, enquanto o veneno fazia o seu efeito, enquanto queimavam o ano inteiro, com o cuidado de não deixar marcas para que o corpo pudesse ir recuperando, eles riam e copulavam em alvoroço, os maquiavélicos detalhes do macabro plano.

Esperavam «, enquanto davam pontapés, murros, batiam com paus, ferros, arrancavam bocados de  com os dentes, e eu preso. Olhavam para puta declarada que ria em gargalhadas histéricas, sempre no divã, copulando a todo o tempo, no meio de um círculo, enquanto ia dando ordens a todos à sua volta. Apesar de todo o aparato, a sua cona era a sua arma. Com ela tinha conquistado todo aquele território, toda aquela área, eeles veneravam-na. Tinham deixado as todas desgraçadas, e muitos lambiam o seu leite, para que pudesse amamentar o próximo. Assim passavam os dias. Contudo até isto era para eles aborrecido. Então ela declara que se teriam que inventar novas discussões, que aquilo não era suficiente, e lá saía mais merda. Era necessário dar novos requintes de estupidez à coisa, uma vez que segundo ela a humanidade estava atrasada nesta merda. Cabia-lhe a ela criar uma nova coisa, anunciou publicamente o seu plano aos sete ventos. Todos já sabiam menos eu, contudo era o seu destino. Ela queria ser a pior à face da terra, e mesmo no fim do mundo, queria que o seu nome fosse conhecido e que fosse lembrada como a mais puta. Estava determinada a provar que o diabo seria ela, que seria ela o novo satã, feminino, decidida a provar que conseguia descer até ao fim.

Seria comido vivo pelos outros, pensava eu, seria a pior coisa que podia acontecer. Mas não. Eles enquanto me assavam, iam atirando lenha para a fogueira, embora de forma a que o calor não fosse suficiente para me queimar muito. Pelo contrário mantiveram-me unstempos, queriam que sobrevivesse para que, à media que me iam mordendo mastigassem e cuspissem fora, sentirem o sabor do veneno que os fazia chegarem ao êxtase. Não resultou. Eu caguei e fui à minha vida. A droga fazia o efeito de me retirar energia, porque era demasiado forte, mas depois de entranhada, me olhava a fazer troça.

Durante todo este tempo ela dizia que era para o meu bem, que eu não tinha amigos que me viessem resgatar, mas eu não compreendia, achava que sim, estava profundamente convencido disso. Mas que eu saiba não apareceu ninguém, embora vários tenham dito que se tinham cá dirigido com essa desculpa. De seguida copulavam. Bela merda toda este enredo e tristes figuras de personagens.

Ela tratou de falar com eles , sem deixar nenhum que pudesse denunciar. Tratou que deixassem de existir, com a notícia de que eu não estava. Com as ex-namoradas foi igual, remendo que alguém um dia se pudesse voltar a lembrar, tratando de apagar-me. Esta pessoa odiava-me, queria-me eliminar e dar um exemplo ao mundo, e ninguém me tinha avisado desta doença, o ódio. Era um assassina de carácter, com toda a violência psicológica a isso inerente, e todos os sádicos aplaudiam e atiravam terra. Tinha-me escolhido a mim, e tratado com os deuses imaginários dela que não haveria sacrifício igual. Todos observavam aquele triste espectáculo.
Talvez eu seja mesmo um zombie, talvez seja mesmo um extra-terreste, talvez seja um bocado diferente destas novas modas. Tenho outros valores, outros sonhos. Nunca gostei de torturar animais, apenas lhes dava festas. Nunca pratiquei bullyng na escola, nunca bati nos mais fracos, nunca matei nem quis matar, nunca consegui tirar prazer do sofrimento dos outros. Como é possível haverem pessoas tão más, prevendo tudo desde o inicio, toda a dor infligida, deliberadamente transformar-se em cannibais. Que prazer se pode tirar da agonia do ódio? Para eles, a tortura e a dor parecia para eles o essencial.


É isto o "ser humano"?

Como se tornam as pessoas em canibais?

Porque retiram mais prazer do sofrimento dos outros do que do seu próprio prazer?

Deitaram ainda mais lenha para a fogueira.

Todo o bem que lhes fiz só serviu para encher ainda mais os seus egos egoístas, que viraram para mim um sorriso maléfico de prazer... Todo o meu amor pela falsidade sai agora do meu corpo em forma de pus, de cicatrizes. Tudo o que era e que fui, todos os valores, tudo jorra para fora de mim e completamente até ser o nada... O amor, a vida, a ingenuidade, a felicidade, tinha apodrecido , ficava esquecido na outra vida.

Depois riam-se, andavam juntos, e voltavam para mais..

A única coisa que lhes parecia dar prazer, para além do ritual do círculo, era a minha tortura, onde todos se procuravam destacar, de forma a provocar uma benesse, que volta e meia lá ia tomando providências , para que o sacrifício fosse  o maior (cujo suprassumo ela reivindicava ser).

A tortura mais lenta e dolorosa. Os psicopatas.

No primeiro dia afirmou: tenho larga experiência em rituais. Era mentira, era a mais verde. Desde aí  o vazio. Mas isso aborrece-me, preciso de infligir novos limites...

De inteligência, sanidade, e uma certa higiene mental.

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