domingo, setembro 09, 2007

Radiografia

Nunca estamos bem. Nem sozinhos nem acompanhados. Nestas últimas semanas senti uma enorme necessidade de estar com alguém, aquela alguém me levasse a esse estado de sentir bem. Pensei no passado, especialmente em pessoas que perdi porque achava que não lembravam esse sentir bem, e nas outras em que o senti, mas com quem nunca tive a oportunidade de prolongar esse sentir bem...

Nos últimos dias pensei muito sobre isso. Mas será assim tão mau estar sozinho? Sem o sentir bem também. Sentimos que estamos a perder tempo. Mas já nem isso me preocupa. Já nada me faz correr nem sair de mim. Acomodei-me. Não às cavalitas de alguém, mas sozinho. Habituei-me demasiado a mim próprio. Tornei-me demasiado solitário, demasiado indiferente, demasiado criterioso e idealista. Ninguém me parece preencher e fazer sentir bem, nem eu pareço preencher quem eu gostaria que fizesse sentir bem...

Não consigo dormir. Nunca. Nasce o dia, espero mais um pouco, deito-me e não consigo adormecer. Penso demasiado, gostava de poder desligar o cérebro. Mesmo quando adormeço, sonho com quem já não quero, com quem já não existe. Penso em inúmeros problemas, entre os quais a falta de sentir bem.

Daí o impulso. Daí a necessidade de projectar os meus remorsos de culpa, o meu excesso de pensar em alguém. É por isso que acontece. Não porque estivesse convencido que responderia, mas simplesmente porque talvez assim transfira o ónus e o meu pensamento me dê descanso e me deixe em paz. Mas não dá. Sim, sei que sou transparente, que nunca responderia. E depois? Fiz aquilo que tinha que fazer, tal como ela escreveu da forma como achou que devia. Poderia dizer que preferiria que não respondesse, mas seria mentira. Poderia dizer tantas coisas, mas nada disso resolveria os meus problemas. Tenho saudades de saber o que era sentir-me bem...

(Talvez simplesmente porque contigo havia esse sentir bem...)

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