segunda-feira, março 06, 2006

Sonho (de há duas semanas atrás)

Não sei interpretar sonhos. De resto, ando numa guerra constante com o meu inconsciente. E orgulho-me disso, de ainda ter contacto com o meu inconsciente. Quando ando stressado (com cafés) e durmo pouco, não me consigo lembrar dos sonhos. Hoje lembro-me bem do último sono da noite, pois depois de acordar ( mais cedo do que o previsto) adormeci novamente.
Neste último sonho, estava num sítio qualquer onde havia um espctáculo qualquer, numa espécie de teatro velho, a cair de velho, onde as pessoas assistiam em pé. Não tinha cadeiras, e o público não era feito de pessoas convencionais e snobs, mas sim de pessoas simples e humildes, como alguns dos rotos dos meus amigos. Havia um ambiente escuro. O palco era enorme, e muito amplo. O teatro abarrotava de gente, e além dos que estavam em pé, havia pessoas em filas superiores e camarotes. Eu estava do lado esquerdo do palco (como quem o olha de frente), no cantinho, em pé. Mas não em cima do palco, estava mesmo no canto, com o braço apoiado lá, mas em baixo. Alguns dos meus amigos encontravam-se por ali, mas não me recordo de estar com eles. Estavam ali, como se não tivessem. De repente vejo-me lá em cima, juntamente com um grupo de pessoas conhecidas, que tinham pertenciado a uma turma a que tinha pertencido há uns anos. Eles, neste caso elas porque eram a maioria, recebiam uma espécie de prémio que era entregue a todos, por terem frequentado e feito parte de qualquer coisa. Eu era o último da fila, e encontro-me agora na ponta do lado direito, olhando de frente para o público. Imediatamente à minha esquerda está ela, a rapariga do meu inconsciente. Está bela como nunca. Tem uma camisola cinza claro, calças de ganga e a roupa parece ter um aspecto sujo e desarrumado como tudo e todos ali dentro. Todos parecem escuros na penumbra, menos ela. Não há luz a apontar para o palco, há de resto pouca luz, e o público não é própriamente público, uma vez que ninguém parece estar a prestar o minímo de atenção aquilo. Parecem todos entretidos a falar uns com os outros, como se tivessem à espera de um concerto, ou do que viria a seguir, ou de não estarem à espera de nada, simplesmente estão ali como numa festa qualquer. As pessoas que estão no palco, dá a aideia que o ocuparam, que estavam ali com os outros, como os outros, e que foram para ali porque alguém se lembrou. Tudo parece velho e abandonado, menos as pessoas, que embora sujas, parecem livres e felizes. É um ambiente inteiramente informal, e não há qualquer pompa e circunstância ou hipocrisia social nas pessoas. Voltando ao palco. Lá estou eu, sem tirar os olhos daquela rapariga de cabelo castanho clarinho, pelos ombros, liso e brilhante. Ouço a sua voz de menina a falar com alguém do seu lado, alguém que não eu, e a quem parece não prestar muita atenção. Está muito escuro, e mal consigo ver o conjunto de pessoas que está na fila.
As distinções são entregues, e chega a minha vez. Pelo meio falei e comentei qualquer coisa com ela e parecia ter uma relação de confiança com ela. Acaba a entrega, e lembro-me de comentar qualquer coisa com ela, mas não me lembro do quê. Banalidades, pois não me lembro das falas. Nã parece ter sido nada de importante. Algumas pessoas parecem sair do palco, enquanto outras não. Não me lembro das feições de ninguém, senão de uma outra rapariga que pertencia ao mesmo grupo, e de quem eu não gostava particularmente. Mas curiosamente não foi isso que veio à ideia, mas antes uma sensação de mepatia para com todos eles. Subitamente ela começa a fazer uma série de coreografia com um rapaz também daquele grupo, e que não tinha cara, ou se tinha não a vi, era um corpo que fazia ali uma espécie de pequeno trecho teatral de improviso. Eu estava por detrás dele, mas também havia outras pessoas ali dispersas no palco. Eles continuam com esse trecho teatral, misturado com passoas coreográficos, que lea faz e el repete, enquanto vai dizendo umas falas. Nisto, eu estou por trás deles repetindo o que eles fazem, mas em jeito de palhaçada, repetindo exageradamente o que eles vão fazendo. Ninguém estava a olha para lá. Continuamos naquilo, e eles acho que nem se dão conta que eu estou por trás a satirizar aquilo, levado ao exagero. Continuamos naquilo, e eu salvaguardado na escuridão, e no facto de ninguém estar a prestar atenção, continuo naquilo. A uma certa altura, ouço risos das pessoas que estão naquele espaço. Uma risada enorme e colectiva. A sala não estava a prestar atenção nenhuma àquilo, mas passou a achar piada às minhas palhaçadas. Ela apercebe-se, e parece não gostar. Eu finjo que paro, mas por trás deles, continuo com a imitação... A sala inteira ri estridentemente. Por esta altura reparo que ela não estava a gostar muito, e eu por fim lá parei.
Depois desta encenação, agrupam-se todos os elementos da equipa em linha, defronte do público. Todos se curvam, agradecem todos as palmas. Eu encontro-me ao lado dela. Recordo-me depois dos diálogos daquelas conversas de fim de cena. Ela falava com algumas amigas, e com o rapaz com o quyal tinha contracenado. Fiquei algum tempo a seu lado a ouvir a conversa, mas não me tendo dirigido a palavra nos momentos de silêncio, decidi também não fazê-lo. Nem um único olhar se dignou lançar.
Quando dei por mim, já estava de novo em baixo, à frente do palco, com os meus amigos. Não me recordo de a ter visto sair. Saía eu, já com outros amigos meus (os da difícil vida aventureira), que me cravavam um cigarro de enrolar no caminho para fora daquele edifício estranho. Em marcha, no meio da multidão, pouco se conseguia distinguir excepto a escura penumbra do teatro degradado, e a escuridão da noite cerrada.
Para trás não mais olhei, e dela não mais soube.

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