terça-feira, março 06, 2007

HIROSHIMA MON AMOUR ******

domingo, março 04, 2007

GONE WITH THE WIND **********

Não podia ter visto filme melhor, nesta altura da minha vida. Vou elegê-lo definitivamente entre os meus três favoritos de sempre...(ver mais aqui)



'Frankly my dear, I don't give a damn'

(Frase de Rhett Butler para Scarlett O'Hara na cena final, antes de partir para sempre.)



Ontem saí pela quinta noite consecutiva e embebedei-me fortemente uma vez mais, fumei droga, e fiz o mesmo roteiro. Se bem que tudo parecia ter uma aura diferente. Ando desiludido e descrente com tudo e com todos, e acho que isso deve transparecer, espero que não, estou calado como um túmulo. Fui jantar com Hélder e outros amigos e para minha própria surpresa desta vez não senti nem uma pontinha de ciúmes ou de mal-estar esta noite, nem mesmo quando Hélder saiu antecipadamente dizendo "a nossa amiga requisitou-me hoje", nem mesmo depois quando receava ir ao mesmo café e encontrá-los, mas nem essa tensão me conseguiu preocupar. Apenas um facto a registar. Guida não quer ou não consegue enfrentar-me. Apesar de eu ter prolongado ao máximo a entrada e virado costas quando me sentei, não tendo voltado a cabeça uma única vez em direcção a eles, ela cometeu a proeza incrível de ir à casa-de-banho e passar mesmo na minha frente sem me cumprimentar ou sequer desviar o olhar do chão. É claro que eu não olhei para ela uma única vez, e estava à defesa por isso devo dizer mesmo que já o esperava. Mas é claro que é esquisito. Parecia nervosa, já que no momento em que saía, hesitou, parou, disfarçou parecendo procurar algo dentro da mala, sussurrou a amiga qualquer coisa e saiu. Acho que cada dia que passa sinto menos o que quer que seja por ela. Adiante, fui depois à discoteca-rock e encontrei Fernanda. Eu estava fisicamente de rastos, tinha dormido três horas, como hoje, aliás como na última semana e disse-lhe estou farto desta merda toda, que ia para casa. E fui. Ia a dirigir-me à porta quando me aparece pela frente Aida, que me cumprimenta com um enorme sorriso, daqueles como se estivesse a reconhecer um grande amigo de infância, exactamente iguais aos que eu lhe fazia a ela quando a encontrava. Mal consegui esboçar um fingido, dei-lhe dois beijos, pensei dois segundos e disse-lhe tu és maluca, segui para a rua. Ela segurou-me com um braço e disse-me qualquer coisa como "eu seguro-te, não te preocupes", e eu com uma cara séria mas ao mesmo tempo desinteressada disse-lhe tu nem a ti própria consegues segurar, e continuei em frente sem esperar pela resposta apesar de ter reparado na cara de estupefacção dela, que ainda me veio a perseguir até ao bar mantendo distância, quando a apanhei a olhar para mim e continuei a andar até à rua... nem ela nem ninguém estavam à espera que eu me estivesse tão a cagar para tudo, nem eu próprio...

sábado, março 03, 2007

Os últimos dias têm sido um frenesim de loucura no princípio da noite, de empatia comigo próprio e com os que me rodeiam na madrugada, e de um vazio desolador quando nasce o sol. Lembro-me que antes conseguia dormir. Agora durmo duas, três horas, por manhã, acordo ressacadíssimo lá para o meio-dia, uma da tarde, tento adormecer a ver um filme, e acabando por vê-lo todo, quando só precisava de desligar. Estou podre, sem energia, o meu metabolismo não consegue dar conta de metade do álcool que meto. Com sorte consigo dormir uma sesta antes de jantar, coisa que faço lá para as dez, onze da noite. Lavo-me, visto-me e saio para mais uma noite. Vou até ao café, em busca de quem não sei, talvez mesmo só pela companhia daqueles como eu que vão bebendo as cervejas esperando que o tempo passe depressa... Depois acabo sempre na mesma discoteca, sempre com as mesmas pessoas. Meto-me com uma ou outra, mesmo sabendo que o que desejo não está diante dos meus olhos, mas haverá uma hora em que nada vai acontecer...

Fernanda. Havia já uma química antiga entre nós. É bonita e tem um corpo fabuloso. Piquei-a a noite toda, acho que era segunda ou terça já não sei (todas as noites me parecem iguais), e acabámos aqui no quarto. Comemo-nos à força toda e fomos para a cama mas.., adivinhe-se, surpresa das surpresas, não quis foder... Percorria aquele corpo fantástico com as minhas mãos, e não podia fazer a única coisa que me apetecia, penetrá-la fortemente, senti-la e vir-me dentro dela como se fosse para morrer ali... Dormimos duas horas, lá consegui masturbá-la, cheguei a cuequinha para o lado e pelo menos durante dois ou três segundos deu para sentir aquela sensação. Não conseguiu adormecer porque estava desejosa de foder e como não se permitia, e foi-se embora. Pormenor curioso, desde que meti um colchão individual ninguém passa aqui uma noite. Eu lembro-me que antes ficava chateado quando acordava e tinha alguém ao meu lado que nunca mais se ia embora, só queria estalar os dedos e ficar sozinho, agora ando sedento por um pouco de companhia.

Um dia antes tinha visto Aida. Aida é uma miúda lindíssima e interessante. É precisamente aquela que eu tinha comido à porta da discoteca-rock quando andava com Laura. É verdade, já não tenho nada com Laura. Aqui há umas três ou quatro semanas saimos juntos, estivemos numa festa depois de não nos vermos há muito tempo. Ainda sentia algo por ela, beijou-me em público no meio de toda a gente, e acabámos a noite a foder como animais na cama dela. Foi uma noite maravilhosa, soube-me muito bem voltar a senti-la, voltar a abraça-la, a falar com ela, a senti-la encostada no meu corpo. Mas voltámos a falar do ex-namorado dela que entretanto afinal sempre vem cá e chateámo-nos. Não quis dormir lá e voltei para casa. No dia seguinte fomos juntos a um concerto, e ela acabou definitivamente comigo. Disse que já não gostava de mim, quando há uma noite atrás tinha dito precisamente o contrário. Não a censuro. Deposita grandes esperanças numa relação séria com o ex, e sabe perfeitamente que de mim nunca teria aquilo que quer.., paz. Guida, bem, nem queria escrever de Guida, odeio-a... Andava a sair com Hélder e também o deixou feito em fanicos. Tenho-lo encontrado sempre na noite, nesta última semana. Houve um dia em que eu a convidei para um café, mas ela já estava em casa. Na noite seguinte encontrei-os juntos no café, quando ela diz Óscar cortaste o cabelo! Já não te via há tanto tempo, isto quando me tinha visto há uma semana, mais, tinha passado a noite comigo... O cinismo dela deixou-me revoltado, mas ilustra bem o tipo de jogadora que é... Espero bem que lhe corra mal e se foda fortemente... deixou-lo a ele igualmente desolado, não sei o que vai naquela cabeça, e desapareceu do mapa... Aida era o tipo de mulher que me interessava, era linda, rebelde e inteligente. Era um pouco como eu, andava perdida no mundo e isso fascinava-me. Conseguia ter conversas interessantíssimas com ela, e durante dias era ela que me levava a sair à rua. Entendíamo-nos bem, a coisa ia avançando, e percebi que ela gostava de mim. Até que há uma ou duas noites atrás a encontrei com um gajo qualquer, daqueles completamente vulgares tanto no aspecto como na atitude. Engoli em seco, mas lembro-me de olhar para ela e me dar uma vontade enorme de rir à gargalhada. É que desta vez parece que estava como que vacinado para aquilo, era exactamente o tipo de coisa que esperaria dela porque no fundo ela é como eu, para mais tive três meses fora daqui, e nunca me pus a jogo declaradamente. Passou. Cá continuarei. Estranhamente já não consigo sentir ciúmes. Vejo aquilo como uma coisa passageira, encaro-los como uns desgraçados tipo eu que merecem um pouco de aventura nas suas vidas. No fundo não é disso que todos nós andamos à procura?

Chego a casa. São dez da manhã. Entretanto já passei por mais uma discoteca e um after-hours, onde encontro mulheres bonitas que passam e me olham com desconfiança e curiosidade. A minha decadência é um posto. Há uma linda, que sorri bastante enquanto lhe dou o isqueiro desinteressadamente, nem sorrio de volta porque.., já me estou a cagar para tudo e para todos e chegado a este ponto, sou pragmático, ia ser igual, não vale a pena...

Estou tão farto disto tudo. Gostava de poder dizer o teu nome, gostava que alguma vez pudesses ler isto. Mas o que te disse fez sentido, continuo a achar que tudo o que faço e digo faz sentido. Sei pelo menos que isto não faz. Se ao menos que se tu voltasses e tivesses a força necessária para me repor toda aquela esperança que perdi, sei que aquilo que te disse e fiz teria feito sentido...