sábado, março 11, 2006

TRETAS


Tudo isto é uma grande treta...


o amor não segue regras, nem protoc(rom)olos sociais...

(levam-se todos tão a sério)



quinta-feira, março 09, 2006

Não gosto dos domesticáveis

Nunca desistirei dos meus ideais de liberdade. O ser humano vive prisioneiro dele próprio, como qualquer animal domesticado. Um cavalo é um animal belo. Contudo foi perdendo com a domesticação toda a sua essência pura e verdadeira. Um arreio e uma sela, que desvirtuaram toda uma evolução de séculos, transmitida ao longo de gerações. Imagine-se um cavalo que vive cativo num estábulo, que sai apenas para satisfazer os caprichos do seu dono. Agora imagine-se um cavalo à solta, no seu habitat primitivo. Imagine agora que é um destes cavalos. Qual deles escolheria? Os arreios do Homem, são a prisão da escravização e das leis que lhe cercam e constringem todos os movimentos. Seria extremamente difícil voltarem a habituar todos os cavalos do mundo a voltar a um estado primitivo. Mas deveria haver um sítio para onde estes pudessem ir, depois de fugirem, para poderem viver em liberdade. Assim está o Homem. Já não há Homens livres. Apenas seres humanos domesticados, escravizados, formatados para servir e serem servidos. Para a mais perfeita bestialidade, escolhemos os mais mecanizados como modelos. As aberrações. Os que provaram estar mais acelerados no seu processo de desumanização. Os robôts. Elegêmo-los para cargos políticos, para chefes de empresas, para professores, para tudo... O critério de decisão é a profundidade da loucura, da deficiência mental. Quanto maior for a distanciação do humano, maior o prémio. Chamam-lhe progresso. Quando deveria ser ao contrário. Quando deveríamos precisamente almejar esse estado natural, primitivo. Quando deveríamos, não perseguir e acelerar essa maquinização domesticada, mas precisamente tentar voltar a esse estado de inocência e de pureza, voltar à criança que um dia fomos. E nunca o inverso. O Homem, deixou há muito de existir. O que temos agora é uma coisa completamente diferente. E a tendência é para piorar, a um ritmo avassalador.

Odeio todos aqueles que nos guardam nos estábulos, bem como aqueles que nos metem o freio, os que nos montam, e os próprios iguais, que enaltecem a grandiosidade do magnífico curral, a palha que lhes dão de comer, e ainda se gabam de serem os mais obedientes e rápidos. Pudera...


A conclusão é antiga. Voltar atrás e esquecer o aprendido, seria simplesmente impossível. A ignorância repugna-me profundamente. Do egísmo nem falo. A negligência, imperdoável. As convicções das certezas decalcadas de um qualquer paradigma económico, técnico ou ideológico, metem-me nojo. Seria incapaz de aceitar algo que fosse contra a minha consciência...

Prostituo-me como todos os outros. Mas nunca me ouvirão tecer elogios à actividade, nem cantar hinos ao dinheiro sujo que nos compra (a uns mais do que outros), nem defender que deveríamos ser o melhor bordel da zona (ou aumentar a produtividade do bordel), nem ter orgulho em ser uma puta famosa. Posso não ser diferente. Mas sonharei sempre com a liberdade. E nunca, mas nunca serei colaboracionista. Porque a estupidez não se transmite genéticamente, ao contrário daqueles que acreditam que a prostituição lhe foi transmitida como valor, pois já os seus familiares eram grandes prostitutos. Também me roubaram as moedas, e obrigaram a dar para esse peditório (quando ainda não era eu que geria as moedas que ganhava). Mas não foi por isso que me conseguiram inscrever nessa paróquia. A submissão é a ideologia dos fracos, dos tolos, da escumalha. Concordam em ser violados, simplesmente querem receber mais moedas por isso, ou melhor, serem o bordel (portugal) mais rico... Fode-te, estás no meio da merda, e aí apodrecerás...

Morte Literária

Apetece-me cometer mais um suicídio literário. Mas um definitivo. Não vou fazê-lo. O blog continuará a existir, só que doravante será gerido por mim, apenas por mim e por mais ninguém. Não mais permitirei que possíveis leitores me bloqueiem ou censurem de alguma forma o meu livre pensamento, o devaneio do meu sonho. Odeio-me a mim próprio por me ter exposto e escrito sobre uma figura que eu prório criei e que na realidade nunca existiu. Odeio-me por ter amado um fantasma abstracto que nunca conheci. Odeio-me por tê-lo encarnado em figura tão vulgar e mesquinha. Odeio-me por viver no ar, e ter escolhido como deusa uma figura terrestre. Odeio-me por ter pensado numa figura real quando descrevia o meu amor narcísico por mim próprio, por uma personagem criada por mim. Odeio-me por tê-lo contado. Odeio a paixão platónica. Odeio mais ainda a sua confissão. Odeio-me ainda mais por ter idealizado um sonho modernista no mais conservador dos cenários... Odeio almas terra-a-terra...

Morra o fantasma, morra pim...

Definitivamente...


Paz à alma do fantasma feminino que viveu dentro de mim ao longo deste tempo todo, e que os defeitos da figura original haveriam de assassinar, simplesmente por esta se revelar.

Romântico Inveterado

É porventura o meu maior defeito. Sou um meloso de merda, muito idealista e sonhador, mas muito pouco prático e pragmático. Reparei nestes filmes que tenho visto, e que têm eles todos em comum? Pois é, o amor... Tenho andado a alimentar a minha doença, e talvez por isso tenho ficado pior...
Tenho tido saudades da minha amante, e tenho pensado nela. Mas não acho que um reencontro fosse bom para ela, pois nesse aspecto temos concepções completamente diferentes. Mas seria bom no geral, e não consigo deixar de pensar nisso. Tenho um pouco de Gigi dentro de mim. Não consigo deixar de voltar a querer fazer amor com uma pessoa que se deseja fortemente, só pela questão da formalidade. Queria calor humano, beijos, e companhia para conversar... Um amigo meu viu-a no teatro e disse que ela está bem. Ainda assim, no final, fiquei com uma má recordação dela. A imagem da menina mimada, que se quis vingar à maneira antiga, só porque não era amada como queria... Espero que esteja feliz com o que/quem escolheu para o fazer...

Por outro lado, penso também na outra, na platónica. Uma vez que ela na verdade não existe, pois não a vejo na realidade há anos, nem dela ouço falar, porquê a sensação de traição? Confesso que a certa altura cheguei a pensar que ela chegaria a ler este blog... Mas já não faz sentido continuar com isto, sem ela...

Sonho de ontem

Esta noite dormi doze horas. Sonhei uma vez mais com a minha paixão platónica. Um sonho muito estranho. Ela está permamentemente num edifício antigo, juntamente com os seus amigos, a que eu não tenho acesso e vou circundando. Há montes de actividades a decorrerem cá fora, e eu participo nelas juntamente com outras pessoas. Outras vezes sozinho, vou circundando o edifício em longas caminhadas. Conheço algumas raparigas, e por duas delas até vou desenvolvendo alguma atracção. Tenho aulas com elas, ao que parece, mas o contacto é fortuito, cá fora perde-se e subitamente deixo de vê-las. São giras e interessantes, mas não as volto a procurar. Continuo a circindar a casa. Sei que há uma ponte para ir para onde elas vivem, mas eu volto para trás. Passo pelo edifício, na tentação de dar uma espreitadela ou não, sempre com medo que ela me possa ver a passar. Ela, ou os seus amigos, que reconheço quando passo. Não me atrevo a entrar. Arma-se a puta cá fora a propósito não sei de quê numa qualquer espécie de manifestação subversiva. Eu encontro-me a participar. A minha cabeça, contudo, está naquele edifício ali ao lado, no qual não me atrevo a entrar. Deixo aquilo a meio e vou à procura dela, novamente. Presumo que ela já não está no edifício, mas nem disso pareço ter a certeza. Um amigo meu passa e entra, ao mesmo tempo que sei não poder fazê-lo. Parece que ela sabe de tudo o que sinto por ela, e que não me posso mostrar. Uma enorme sensação de vazio aperta-me durante todo o sonho...

TODA A NUDEZ SERÁ CASTIGADA



A televisão pública mostra a sua utilidade quando nos brinda com bom cinema brasileiro, ainda mais com um clássico dos anos setenta. Conheço pouco do cinema brasileiro, mas depois desta atribulada história de amor entre um viúvo rico e uma prostituta, com muita comédia e drama à mistura, confesso que fiquei com mais vontade de conhecer o realizador Arnaldo Jabor. Desempenho brilhante da actriz que desempenha Gigi.

EQUUS



Fiquei encantado com este filme que encontrei por acaso no canal Holywood. Richard Burton interpreta o papel de psiquiatra na perfeição... Se tem fascínio pelos cantos mais obscuros do subconsciente, veja este filme...

Paixão VS Amor

Enquanto estava lá ontem, fui pensando na minha vida. A auto-confiança que inalo para dentro, e que depois em público exalo para fora, não passa de uma forma artificial, feita de porcelana. Lembro-me que enquanto estava sozinho no meio deles, ía ocasionalmente fugindo daquela sala e pensando na minha vida. Pensei nela uma vez mais. Ou nelas, melhor dizendo. Pensei primeiro na minha paixão platónica. E uma vez mais perguntei-me se isto não passa de uma fantasia que preciso de manter para dar algo mais de fábula romanesca à minha vida. Estou farto de saber que isto foi, é, e sempre será uma fantasia irrealizável. Então porque continuei eu a sonhá-la e a alimentá-la? A questão para mim é relativamente simples. As pessoas precisam de ter estas fantasias, de viver com elas. É um pouco como ter uma amiga imaginária, uma confidente. Simplesmente incorporamo-lo na imagem exterior de alguém que já conhecemos. A pessoa que eu um dia "conheci", não tinha de facto a personalidade da personagem feminina que imaginei, que idealizei, numa espécie de romance mental que vou construíndo permanentemente. E depois questiono-me se não será a mais perfeita loucura trocar ou perder alguém real, com quem realmente partilhámos qualquer coisa, por uma ideia abstracta e completamente platónica dessa imagem que construímos e moldámos dentro de nós para podermos amar a impossível perfeição (idealizada). Precisamente porque sabemos que não podemos moldar os outros, negamos cedências para não termos de moldar os ideais românticos que temos dentro de nós. E não é paixão no sentido comum, aquela que sentimos nas nossas fábulas pessoais. Se as figuras não são reais, porquê então confessar esta paixão ao mundo real? Porquê sofrer por ela? Porquê deixar quem quer que seja tomar conhecimento dela, se depois nos vão julgar por isso? E punir...

Pensei então na minha amada do mundo real. Porque não é paixão aquilo que temos, perguntava-me ela, e perguntava-me eu... De facto, acho que nunca consegui sentir paixão depois de uma relação consumada. A paixão é justamente a idealização da pessoa amada, de quem roubamos a imagem e uma pequena amostra de personalidade, para a integrar num filme imaginário que já haviamos préviamente construído para ela. Assim que integramos a pessoa real nesse filme, ele fica irremediávelmente estragado, porque vamos descobrindo um ser humano e este não é nem poderia nunca ser a pessoa que idealizámos. Acho que falhei sempre ao transmitir isto. Mas também não poderia ceder nunca a escolhas forçadas entre o real e o ideal. O real é o que me traz sensações efectivamente, é aquilo que me faz vivenciá-las, senti-las, experimentá-las. Mas eu não poderia nunca sentir paixão por alguém real. Toda a imagem que formamos das pessoas é a nossa imagem pessoal dela. À medida que a vamos conhecendo efectivamente, o espaço para a imaginação vai-se reduzindo cada vez mais. A isso chama-se amor, parilha, ternura, carinho. Ao sonho chamam paixão. Porque é algo que vivemos individualmente. O desejo no mundo real alimenta-se com a presença efectiva da outra pessoa, tal como ela é na realidade. O desejo no mundo do sonho alimenta-se com uma figura imaginária, a nossa deusa pessoal com quem mantemos um caso virtual e secreto... E sublinho, secreto...
Uma aparente noite banal, proporcionou-me um risco de neve e uma boa peça de teatro amador. Apetecia-me muito, muito mais... É o problema da arte e de tudo quanto nos dá prazer intelectual instantâneo. Tenho todas as condições para me perder por aí. Não por esta, mas pela minha de eleição... Bem a procurei, mas a questão é que não a quero encontrar... Tenho medo, muito medo, de um dia não conseguir viver sem ela...

Às quatro e tal fui a um desses sítios chunga abertos até de madrugada. A bebida costumava ser barata, e sempre ouvia ali uma música ou outra daquelas que traziam boas recordações. A própria noite foi uma ténue recordação daqueles tempos em que eu e os meus amigos passávamos noites em experimentação até às quatro ou cinco da manhã. Depois íamos todos fodidos para uma discoteca underground que já não existe mais. Resta uma tentativa de imitação reles daquele que foi o nosso descontarído estilo de vida durante uns anos. Tudo o resto foi diferente, está diferente. As companhias, os lugares, os nossos estados de espírito e a solidão em que me encontro neste momento (mesmo quando estou com eles).

PSYCHO



Ontem acordei ressacado e mal disposto. Deixei os recados urgentes por fazer, faltei ao trabalho, e porque apenas tinha dormido 4 horas, deixei-me ficar na cama a ver este intrigante filme. Não o tinha visto nunca, e a famosa cena do chuveiro cria uma imagem distorcida do filme. Mas é de facto uma obra de arte, que nos cativa em cada pormenor (numa história aparentemente simples). O final é um bocado à pressão, mas se fiquei com água na boca, sei também que há muitos mais filmes de Alfred Hitchcock com que posso deliciar-me...

segunda-feira, março 06, 2006

ALFIE



Um filme do qual gostei bastante, e que me deixou algo deprimido, marcando uma fase da minha vida. Ao mesmo tempo que nos deixa com saudades dos nossos "momentos Alfie", deixa-nos também a sensação que no final nos vamos foder fortemente, e acabar como ele. Recomendo a todos em geral, e aos homens em particular. Jude Law tem um desempanho brilhante, diria mesmo, natural. O papel parece assentar-lhe como uma luva (a sua faceta Alfie parece trazer algo de natural e espontâneo). É um filme pesado, por detrás de uma aparente comédia. Ver aqui.


Gostei também bastante do filme coreano OLDBOY. Confesso que a minha paixão pelo cinema oriental, e a crítica favorável, me subiram demasiado as expectativas. Não é um 2046, mas recomendo vivamente.

LAND OF PLENTY



Esperava muito mais, quando se trata de Wim Wenders. É um filme para americanos. Não achei nada de especial, embora concorde com a crítica que é feita no filme. Não é filme que recomende. Mas veja por si próprio aqui.

REQUIEM FOR A DREAM



E aproveitei para rever o REQUIEM FOR A DREAM, definitivamente um dos meus filmes favoritos de sempre. Escondido numa aparente simplicidade, estão escondidos muitos dos dilemas actuais de uma parte da juventude. A atracção pelas drogas, o afastamento da família, o amor, etc... Fez-me bem ver este filme, numa fase em que a minha vida volta a tomar demaisado uma direcção da qual tenho andado a fugir (drogas). O filme é genial, e desta feita revi-o na versão directors cut. Banda sonora soberba. Recomendo vivamente.

STAGE BEAUTY



Deste filme gostei particularmente. Está bem realizado, e conseguiu atrair a minha atenção do princípio ao fim. Apesar do final ser algo previsível, a dúvida persiste até ao desfecho final. Uma história de amor, para não variar, que me deixou a sonhar. Adorei o desempenho da Claire Danes. Não só sou fã desta gaja (que acho uma das melhores atrizes da sua geração), como me continuo a apaixonar por ela em todos os seus filmes. Neste particularmente... Informação aqui.

TWELVE MONKEYS


Acabei de o ver finalmente. Confesso que fiquei algo desapontado com o filme. Esperava algo mais, depois de saber préviamente o argumento. Ver mais aqui.

LAST DAYS



Vi também o LAST DAYS, o filme controverso sobre os últimos dias da vida de Curt Cobain. O realizador joga com isso, e consegue um filme muito original e criativo. Contudo, de um filme que aborde o ex-líder dos NIRVANA, espera-se sempre mais...

ALICE



No fim de semana vi ainda Alice (1990), um filme de Woody Allen, e que retrata uma espécie de Mdme Bovary dos tempos modernos. Mais um filme meloso... Informação aqui.

TROIS COULEURS BLANC



Vi este filme ontem, e embora não seja genial, tem o seu encanto.
Ver mais informação aqui.
Pelo menos despertou a curiosidade para ver os restantes dois da triologia.

(ando muito dado a filmes melosos e de temática amorosa, ultimamente)

Monólogos

Já não levo a mal o facto de não acreditar. Fui eu o primeiro a deixar de acreditar, o primeiro a deixar de escrever, a deixar de falar, a deixar de procurar, a deixar de sonhar... Se bem que este vá retornando em mim a sua fúria descontrolada de tempos em tempos, não posso dizer que tenha sido uma prioridade, principalmente desde que deixei de pedir notícias suas. O que de facto ìa alimentando eram os pensamentos que ia imaginando passarem por ela, por meio de uma comunicação, meio anónima, meio telepática. Hoje não acredito que ela tenha existido. Teria sido um obsessivo desejo que a havia criado. A ideia romântica de duas almas torturadas com canais abertos de comunicação em diferido, e que se encontravam nas palavras para expressar e viver o tal amor que nunca teriam coragem de viver na realidade. Uma história encantar que poderia ser pragmáticamente explicada. Um idealismo exacerbado, um desejo de concretizar, e eu acreditava que a conseguiria decifrar no éter, mesmo antes de conceber esse conceito de transmissão. Foi o meu cego desejo e obstinação que a associaram a imagens, e não o inverso. Ou seja, a minha interpretação já estava comprometida com ela.

Claro que numa realidade alternativa, e mesmo admitindo que de facto ela existisse (numa impossibilidade com mais zeros e vírgulas do que a probabilidade calculada de ganhar um euromilhões), é mais do que evidente que o personagem masculino do seu universo não era eu. E mesmo que alguma vez se tivessem dado todos estes conjuntos de improváveis probabilidades, não seria depois do desaparecimento que o monólogo seria súbitamente retomado. Parece evidente que nenhum de nós se queria entregar ou guardar. Aquilo que eu teria interpretado como uma desconfiança relativamente à minha fidelidade e dedicação ao compromisso, cumprindo uma regra antes de citada, poderia fácilmente ser reproduzida por mim próprio. Se de facto por algum acaso infinito fosse realmente ela, é mais do que certo que haveria forma de o adivinhar sem o saber, e que ela estaria provávelmente a raciocinar em cenários incompletamente concretos. E seria o mais natural. Não teria eu como descrever aquilo que eu mesmo havia feito.

Resta a sensação de uma paixão de personagem fictícia, que criei no meu universo tomando um modelo real. Se a verdadeira pessoa que me serviu de inspiração existisse não sei o que sentiria. Se o mesmo amor que tenho pela figura objectiva da minha imaginação, ou apenas uma sensação de vergonha, medo, e incerteza. O medo domina-me, domina todos os meus sentimentos. O medo de me submeter, o medo de me confessar o meu medo de amar...

E no entanto, é a sua imagem que me surge sempre que me sinto perdido, sempre que entrego o meu desejo à liberdade ...

Sonho (de há duas semanas atrás)

Não sei interpretar sonhos. De resto, ando numa guerra constante com o meu inconsciente. E orgulho-me disso, de ainda ter contacto com o meu inconsciente. Quando ando stressado (com cafés) e durmo pouco, não me consigo lembrar dos sonhos. Hoje lembro-me bem do último sono da noite, pois depois de acordar ( mais cedo do que o previsto) adormeci novamente.
Neste último sonho, estava num sítio qualquer onde havia um espctáculo qualquer, numa espécie de teatro velho, a cair de velho, onde as pessoas assistiam em pé. Não tinha cadeiras, e o público não era feito de pessoas convencionais e snobs, mas sim de pessoas simples e humildes, como alguns dos rotos dos meus amigos. Havia um ambiente escuro. O palco era enorme, e muito amplo. O teatro abarrotava de gente, e além dos que estavam em pé, havia pessoas em filas superiores e camarotes. Eu estava do lado esquerdo do palco (como quem o olha de frente), no cantinho, em pé. Mas não em cima do palco, estava mesmo no canto, com o braço apoiado lá, mas em baixo. Alguns dos meus amigos encontravam-se por ali, mas não me recordo de estar com eles. Estavam ali, como se não tivessem. De repente vejo-me lá em cima, juntamente com um grupo de pessoas conhecidas, que tinham pertenciado a uma turma a que tinha pertencido há uns anos. Eles, neste caso elas porque eram a maioria, recebiam uma espécie de prémio que era entregue a todos, por terem frequentado e feito parte de qualquer coisa. Eu era o último da fila, e encontro-me agora na ponta do lado direito, olhando de frente para o público. Imediatamente à minha esquerda está ela, a rapariga do meu inconsciente. Está bela como nunca. Tem uma camisola cinza claro, calças de ganga e a roupa parece ter um aspecto sujo e desarrumado como tudo e todos ali dentro. Todos parecem escuros na penumbra, menos ela. Não há luz a apontar para o palco, há de resto pouca luz, e o público não é própriamente público, uma vez que ninguém parece estar a prestar o minímo de atenção aquilo. Parecem todos entretidos a falar uns com os outros, como se tivessem à espera de um concerto, ou do que viria a seguir, ou de não estarem à espera de nada, simplesmente estão ali como numa festa qualquer. As pessoas que estão no palco, dá a aideia que o ocuparam, que estavam ali com os outros, como os outros, e que foram para ali porque alguém se lembrou. Tudo parece velho e abandonado, menos as pessoas, que embora sujas, parecem livres e felizes. É um ambiente inteiramente informal, e não há qualquer pompa e circunstância ou hipocrisia social nas pessoas. Voltando ao palco. Lá estou eu, sem tirar os olhos daquela rapariga de cabelo castanho clarinho, pelos ombros, liso e brilhante. Ouço a sua voz de menina a falar com alguém do seu lado, alguém que não eu, e a quem parece não prestar muita atenção. Está muito escuro, e mal consigo ver o conjunto de pessoas que está na fila.
As distinções são entregues, e chega a minha vez. Pelo meio falei e comentei qualquer coisa com ela e parecia ter uma relação de confiança com ela. Acaba a entrega, e lembro-me de comentar qualquer coisa com ela, mas não me lembro do quê. Banalidades, pois não me lembro das falas. Nã parece ter sido nada de importante. Algumas pessoas parecem sair do palco, enquanto outras não. Não me lembro das feições de ninguém, senão de uma outra rapariga que pertencia ao mesmo grupo, e de quem eu não gostava particularmente. Mas curiosamente não foi isso que veio à ideia, mas antes uma sensação de mepatia para com todos eles. Subitamente ela começa a fazer uma série de coreografia com um rapaz também daquele grupo, e que não tinha cara, ou se tinha não a vi, era um corpo que fazia ali uma espécie de pequeno trecho teatral de improviso. Eu estava por detrás dele, mas também havia outras pessoas ali dispersas no palco. Eles continuam com esse trecho teatral, misturado com passoas coreográficos, que lea faz e el repete, enquanto vai dizendo umas falas. Nisto, eu estou por trás deles repetindo o que eles fazem, mas em jeito de palhaçada, repetindo exageradamente o que eles vão fazendo. Ninguém estava a olha para lá. Continuamos naquilo, e eles acho que nem se dão conta que eu estou por trás a satirizar aquilo, levado ao exagero. Continuamos naquilo, e eu salvaguardado na escuridão, e no facto de ninguém estar a prestar atenção, continuo naquilo. A uma certa altura, ouço risos das pessoas que estão naquele espaço. Uma risada enorme e colectiva. A sala não estava a prestar atenção nenhuma àquilo, mas passou a achar piada às minhas palhaçadas. Ela apercebe-se, e parece não gostar. Eu finjo que paro, mas por trás deles, continuo com a imitação... A sala inteira ri estridentemente. Por esta altura reparo que ela não estava a gostar muito, e eu por fim lá parei.
Depois desta encenação, agrupam-se todos os elementos da equipa em linha, defronte do público. Todos se curvam, agradecem todos as palmas. Eu encontro-me ao lado dela. Recordo-me depois dos diálogos daquelas conversas de fim de cena. Ela falava com algumas amigas, e com o rapaz com o quyal tinha contracenado. Fiquei algum tempo a seu lado a ouvir a conversa, mas não me tendo dirigido a palavra nos momentos de silêncio, decidi também não fazê-lo. Nem um único olhar se dignou lançar.
Quando dei por mim, já estava de novo em baixo, à frente do palco, com os meus amigos. Não me recordo de a ter visto sair. Saía eu, já com outros amigos meus (os da difícil vida aventureira), que me cravavam um cigarro de enrolar no caminho para fora daquele edifício estranho. Em marcha, no meio da multidão, pouco se conseguia distinguir excepto a escura penumbra do teatro degradado, e a escuridão da noite cerrada.
Para trás não mais olhei, e dela não mais soube.

sábado, março 04, 2006

E já não creio, já não acredito, já perdi toda a minha fé no amor. No amor enquanto estado puro, ideia delirante, perfeitamente sincronizada com uma outra pessoa, e com a qual existe um canal de comunicação em aberto. Ao não acreditar, sei que jamais vai acontecer, mas desta forma continuo alimentando o mito. Até obter a certeza absoluta, que apesar de tudo nunca chegará de forma objectiva. Parte sempre de mim prório, e em mim se esgota...

Fotos Perdidas

Enquanto caminhava no universo das palavras ao acaso, tropecei uma vez mais na presença dela. Uma inusitada revelação a descoberto, em contexto normal, a respeito de uma amizade chegada. Foi por mero descuido, que não me consegui livrar de uma noite passada a congeminar ilusões, numa desesperante busca de sensações que a descoberta do encoberto nunca poderia trazer, mas ali, à distância de uma amaldiçoada fotografia da era digital, tudo parecia verdade novamente... Os zooms maleáveis entravam concentrados na retina, disparando flashbacks sucessivos de pura agonia devaneatória. A imagem ressuscitada e vivamente entranhada no imaginário, despertava em mim convulsões e descargas repetidas de serotonina. Recorro a elas sempre que me apetece e sem receios nem preparações de nada que seja real... Porque me deixa todo o corpo e pensamento dormente, pensei que não seria nada de mais chamar-lhe.., amor...

(mas não, não posso continuar a olhar para elas... Em breve terei de destruí-las.)